terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A juventude merece atenção política

Já é fevereiro, o carnaval acabou e como no Brasil é unânime o discurso de que tudo só funciona depois do carnaval, acredito que chegou a hora de lançarmos a público certos questionamentos. Por exemplo, esse ano é um ano eleitoral, partidos e políticos não esperaram o carnaval passar para iniciar suas articulações. A maioria deles já vem trabalhando em seus interesses desde o ano passado. A verdade é que aqueles que já possuem cargos no executivo ou no legislativo municipais, correm ao máximo para não perderem a “boquinha” e aqueles que ainda não conseguiram seu lugar “ao sol”, batalham por uma vaga.
No início do ano passado, eu e o Fabiano da prefeitura de Jardim Alegre e mais 35 pessoas, fizemos parte de uma comitiva que foi a Brasília, num encontro nacional sobre política de juventude, discutir os caminhos que esse trabalho deveria seguir nos meses seguintes em todo o território nacional. Nessa ocasião pudemos nos reunir com o secretário-geral da Organização Iberoamericana de Juventude (OIJ), Eugenio Ravinet, representantes do Banco Mundial e do Governo Federal, além de parlamentares e acadêmicos, oportunidade que tivemos para conhecer mais sobre a política de juventude nos países vizinhos e da visão que se tem sobre a importância da juventude como grupo de representação política para todas as esferas de governo. O grupo que esteve em Brasília no ano passado conseguiu não apenas conhecer os programas e oportunidades oferecidos pelo governo federal para a juventude, mas também “ganhou” a vice-presidência do Fórum Nacional de Gestores de PPJ (Política Pública de Juventude) para o estado do Paraná, mais precisamente, sendo representado por Tiago Andrey Telles (PT) de Londrina. Ao custo de muita discussão e exposição de idéias e iniciativas diversas, nosso grupo saiu do evento como a maior e mais preparada delegação do país.
Com a proximidade das eleições municipais, faço questão de lembrar aos nossos atuais governantes e aos que aspiram qualquer cargo público que não apenas nossa região do Vale do Ivaí, mas todo o interior do Estado e do País sofre com um fenômeno migratório, onde nossos jovens saem da zona rural para a cidade e das cidades menores para os grandes centros em busca de oportunidade de estudos, trabalho, emprego e renda satisfatórios, já que nossas pequenas cidades interioranas, quase que via de regra, não suprem essas necessidades. Essa movimentação demográfica, além de afastar os jovens de suas famílias e suas raízes, provoca um problema social caracterizado nos pequenos municípios pelo esvaziamento das cidades e por outro lado, causando o inchaço das grandes cidades, saturando o mercado de trabalho e aumentando assim a quantidade de subempregos, moradias em condições precárias, crescimento desordenado e proliferação da violência.
O governo federal, desde o início de sua administração, ainda na gestão passada, tem dado uma atenção especial às PPJ, oferecendo programas e serviços específicos para esse público, chamado há décadas de “futuro do País”, mas que muito pouco tem recebido em termos de preparação para assumir esse papel. Nossos municípios são pobres em sua maioria e necessitam de mão de obra especializada em diversas áreas da administração pública, o que acaba sendo preenchido com profissionais “importados”, na maioria das vezes das grandes cidades, visto que poucos têm oportunidade em seus municípios, e os que a têm, raramente voltam.
A intenção desse texto é chamar a atenção de nossas autoridades em atividade e também as que devem assumir no próximo ano, para uma melhor relação com o governo federal no que diz respeito às PPJ, desenvolvendo em cada cidade uma Secretaria de Juventude ou ainda um Departamento que possa organizar os programas federais trazendo oportunidades aos jovens dentro do município, seja na zona rural, com o Pronaf Jovem e outros programas de incentivo ou na área urbana, com programas de trabalho e emprego e também de capacitação e estudos, lembrando que é dever do município analisar cada programa e adequá-lo à realidade local.
A verdade é que as oportunidades estão à disposição de prefeitos e vereadores, mas como eu já disse em discurso na Câmara Municipal da cidade de Ivaiporã no ano passado, ainda temos governantes que valorizam mais 50 ou 100 reais de combustível do que uma juventude bem preparada para o futuro. Fica por nossa conta, o povo que luta, trabalha, paga impostos e sustenta esse país, cobrar de nossos representantes eleitos a efetivação desse trabalho em nossas cidades e lutar para que a Política Pública de Juventude se torne de fato, um dever de estado e não de governos.

Silvio Côrtes
Borrazópolis – Paraná – e-mail – supermidiax@hotmail.com
Silvio Côrtes é funcionário público municipal, trabalha como auxiliar administrativo na Secretaria de Saúde de Borrazópolis. É profissional da área jornalística, sendo diagramador em diversos jornais do estado do Paraná e do interior Paulista, onde também atuou na redação de editorias como esporte, gastronomia, automóveis e música. Foi assessor de imprensa da Prefeitura de Borrazópolis e atualmente publica textos de prosa poética em seu blog http://silviao.cortes.zip.net. No ano de 2007 teve duas de suas poesias publicadas nacionalmente pelas Antologias Poéticas número 40 e 41 da Câmara Brasileira de Jovens Escritores.

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