terça-feira, 24 de junho de 2008

O Campo das Idéias e seus Metassistemas

A religião e a política andam juntas, são a mesma coisa, têm o mesmo sentido e os mesmos objetivos. A religião e a política têm meios parecidos para fins semelhantes. Atuam no campo das idéias na intenção de interferir em outros planos da existência. Cada uma a seu modo, apesar de semelhantes.
A vida como conhecemos existe na dependência do planeta, o mundo. O mundo existe dividido em diferentes formas de habitat, de ecossistemas. Cada ecossistema é capaz de subsistir um conjunto de espécies, de seres. Os oceanos formam um ecossistema onde obviamente podem viver seres aquáticos e a floresta é um ecossistema onde vivem seres silvícolas. Enfim, o ar, a água, as florestas, cada um desses, forma um ecossistema e supre as necessidades de um conjunto de indivíduos.
O campo das idéias é também dividido em diferentes áreas. Como fossem ecossistemas do intelecto. Cada área dessas tem um objetivo e consequentemente, diferentes meios para alcançar cada um desses fins. São áreas do campo das idéias, a religião, a política, as artes e o aprendizado.
Cada uma dessas áreas busca atingir e interferir em alguma outra área da vida do ser. O ser por sua vez encontra diversos desses sistemas abstratos em sua essência como parte de sua existência. É natural a abstração dos pensamentos na vida do ser humano por conseqüência de sua capacidade de raciocínio. A idéia é metafísica, é abstrata, é essência. Uma vez que compreendemos que o campo das idéias é metafísico, é essência e abstração, podemos chamar aquelas áreas do campo das idéias de “metassistemas”, como fossem ecossistemas do campo das idéias.
A interferência dos metassistemas na vida física é muito maior que podemos imaginar. Todo pensamente busca influenciar de alguma forma outro plano da vida humana. Por exemplo, a religião é um metassistema, orar, prestar culto, oferecer holocausto, cantar louvores é ação, atitude, é uma expressão física de um algo abstrato que é a fé. A cura pela fé é uma intervenção de algo espiritual agindo sobre o que é físico. É o metassistema da religião atuando de forma a interferir no que é físico. É o princípio da religião como área do campo das idéias, são as expressões como meio para a fé tendo como finalidade a intervenção dessa expressão sobre o corpo físico no que diz respeito à cura de uma doença. Mas fé não é religião. Fé é espiritual, transcendental. Fé é mais que religião, fé é essência. A fé é um subtítulo no livro da religião, porém não depende da religião para existir. A fé existe na essência enquanto a religião existe no intelecto. A religião depende da fé para existir, portanto, a fé enquanto essência existe antes da religião. A religião enquanto organização política fez-se superior ou no mínimo, predecessora da fé. A religião é a masmorra do campo das idéias, a religião é a penitenciária da essência do ser. Ela vem sendo usada desde seu surgimento como forma de controle sobre o homem e sua essência maior que é o pensamento. O pensamento gera desejo e liberdade. A religião gera dor a medo. É uma alcova escura e úmida onde a política do domínio do homem sobre homem sucede séculos e séculos na busca incessante pelo poder. A religião é um metassistema porque interfere no que é físico, porque transforma a vida do ser, atua em sua essência, mas transforma em seu físico, seja no campo da fé, que é espiritual ou no campo da organização política ou até na questão moral, como portadora do código de postura moral para o homem. A religião criou suas próprias muralhas para que pudesse oferecer de forma impositiva as técnicas para a transposição. O domínio está no medo e no interesse. A religião controla o medo do inferno e o interesse na vida eterna, por isso o homem se sujeita ao cabresto essencial de suas idéias.
A política como conhecemos também é um metassistema, é necessário diferenciar a palavra política apresentada agora da expressão organização política empregada no que diz respeito à religião. No caso da religião a organização política está pautada na organização hierárquica da igreja e da defesa dos interesses da minoria dominante em detrimento das necessidades da maioria, ou seja, a abdicação da massa necessitada em prol do domínio de uns poucos que visam controlar a sociedade. O objeto da essência da organização política da religião é o tripé, poder, domínio, dinheiro. A política não religiosa está embasada nos mesmo objetivos, porém, não usa os mesmos meios para alcançar seus objetivos. Na religião, a fé, o medo e o interesse. Na política, as leis, o voto, a parlamentação e os acordos.
O aprisionamento da política se dá legalmente, acontece de forma quase sempre gradativa, sem grandes impactos. Doses homeopáticas para não gerar grandes polêmicas. No campo das idéias, o metassistema da política interfere diretamente no plano físico no que diz respeito ao dia a dia do ser humano. Na vida de fato. O fato político começa no campo das idéias, emprega seus meios para o desenvolvimento da ação e termina na intervenção sobre o homem como finalidade. Assim como na religião, a organização hierárquica da política busca empregar os meios disponíveis, maquiados de defesa das necessidades do ser para um único fim que é alcançar seus próprios interesses. A política começa no campo das idéias e migra para o que é físico interferindo na existência do ser como indivíduo.
A arte também é um metassistema. Toda arte nasce no campo das idéias. Tem seu surgimento na essência, na abstração do pensamento. A arte surge de um ímpeto, de um impulso. Ela começa no campo das idéias e transcende ao plano físico, seja qual for a expressão artística, ela sempre transcende o campo das idéias. A concepção artística acontece na essência e depois vira realidade física, como um quadro, que primeiro existe na mente do artista e depois é pintado e passa a ser a interferência metassistemática da arte sobre o físico. A arte é o mais rico dos metassistemas porque uma vez transcendido do campo das idéias e transformado em expressão física, torna-se fonte inspiradora de novas idéias que tendem a nascer na essência e se transformar em novas expressões físicas desse metassistema. Nova arte. A arte também é o mais completo metassistema porque pode ser apresentado de diferentes formas, como por exemplo, a música, ou a plástica ou ainda a arte performática. A arte é originada no campo das idéias, mas é não apenas alma, mas é corpo e é vida e também é transcendental. A arte é um metassistema cíclico. Ele começa no campo das idéias, transcende ao espaço físico na forma de arte factual, que brilha no espaço físico seja ela como for e acaba se tornando coletiva e então inicia um novo ciclo quando entra na mente de um novo artista, inspira, tocando o indivíduo em seu campo das idéias, que por sua vez produz nova arte no que é físico.
O ensino, ou aprendizado, tem caminho contrario. Ele tem inicio no exterior do indivíduo. Não via de regra, o aprendizado acontece através do ensinamento. Um fator ou agente coopera para o aprendizado. Um livro, um professor, um vídeo ou qualquer forma de ensinamento escrito ou falado é um agente de ensino, é agente físico influenciando o campo das idéias. Um aprendizado empírico ou um experimento é um fator de aprendizado. O campo das idéias é o receptor metafísico da informação do aprendizado. O aprendizado coloca-se como combustível do campo das idéias. O campo das idéias, aceita o agente ou fator externo de ensino alocando-os no campo das idéias como algo de metafísico, algo que existe de forma abstrata. Algo que só existe no campo das idéias. O aprendizado é o metassistema motor de todos os outros metassistemas, porque é o começo de toda rotatividade de conhecimento, abstração, físico, metafísico.
O aprendizado é o início de todos os ciclos, nele estão subalocados:
1 - A religião: parte de um ensino religioso para que o indivíduo tenha em seu campo das idéias o princípio da religião e o conceito de divindade, princípio esse que migra para a organização política tão logo se conheça o conceito de bem e de mal, de céu e inferno e de castigo e recompensa.
2 - A política: parte de um aprendizado, seja esse um aprendizado acadêmico, específico, escolar ou um aprendizado de vida experimental. Antes de transcender para o campo das idéias, a política é experimentada em sua mais simplória apresentação através dessa organização administrativa que observamos em todo o mundo. Num segundo momento, a experimentação ou o ensino específico faz com que o indivíduo conheça os meandros da política como metassistema de defesa, de ataque ou ainda como mecanismo de transformação coletiva. A política é um metassistema ambíguo, que tem impulso no aprendizado e depois se estrutura no campo das idéias pra finalmente transcender para o que é físico.
3 – A arte: essa tem início sempre no campo das idéias. Mesmo tendo como fonte de inspiração algo que é físico e tendo como forte cooperador o ensino no que diz respeito a técnicas de transformação do que é abstrato no que é físico e factual. Toda arte surge da alma de seu criador. A arte participa do aprendizado, porém toda arte é única e exclusiva. Toda expressão de arte é metassistema e sempre transcende ao físico. Aquela que não transcende ao plano físico não se torna arte. A música não se pode tocar, mas o som existe de fato, então a música é uma expressão física de um sentimento abstrato que é o pensamento nascido no campo das idéias. Toda arte transcende ao que é abstrato.
Certamente, outros metassistemas do campo das idéias podem e poderão surgir ou serem descobertos ou percebidos por quem de mais sensibilidade. Novos metassistemas podem ser descobertos ou percebidos porque esta reflexão é algo a ser compartilhado e discutido e não a Bíblia Sagrada. Os termos aqui contidos não foram convencionados e nem discutidos em plenária, portanto, não podem ser considerados termos estabelecidos em nenhum campo de estudo. Este documento é uma reflexão pessoal, estabelecido através da utilização do livre pensamento e uma vasta experiência no que diz respeito à compreensão do campo das idéias. Não se trata de uma verdade universal, mas de uma verdade pessoal, que pode ser discutida, aceita ou preterida por cada um. Esta não é uma verdade universal, é a verdade de um homem. Cada homem é um universo.

Silvio Côrtes

29 anos de idade, londrinense, nunca terminou uma gradução, escritor, poeta, profissional da área jornalística atuando desde a área de diagramação até a área de redação em diversos jornais do estado do Paraná e interior paulista. Trabalha hoje como Auxiliar Administrativo na Prefeitura Municipal de Borrazópolis, cidade onde mora há três anos. Publica em três blogs, cada um com assuntos diferentes, sendo eles http://silviao.cortes.zip.net, onde publica poesia e pensamentos. http://livrespelagraca.zip.net onde publica mensagens e pensamentos direcionados a cristãos e http://silviaocortes.blogspot.com onde publica textos sobre política, sempre enfatizando a política de juventude e atualidades.